A decisão de castrar um gato é uma das mais importantes que um tutor pode tomar. Muita gente ainda associa a castração apenas ao controle populacional, mas ela vai muito além disso. Castrar é cuidar da saúde, da segurança e até do comportamento do seu gatinho.
Quando chegou a hora de castrar a Tigresa e a Morena, eu senti aquele misto de ansiedade e medo. A gente sabe que é o certo, mas o coração aperta ao imaginar o bichinho passando por cirurgia. O que me tranquilizou foi entender o quanto o procedimento é seguro e o quanto ele traz benefícios a longo prazo.
Por que a castração é tão importante
A castração previne uma série de doenças e reduz comportamentos que podem ser perigosos. Em fêmeas, evita infecções uterinas, como a piometra, e reduz o risco de tumores mamários. Em machos, previne doenças da próstata e ajuda a diminuir a marcação de território e a vontade de sair para brigar.
Além disso, castrar é um ato de empatia. Um único casal de gatos pode gerar dezenas de filhotes em poucos anos. A castração evita que tantos gatinhos acabem abandonados ou sem cuidados adequados.
O ideal é que o procedimento seja feito entre quatro e seis meses de idade, antes do primeiro cio nas fêmeas e logo após o desenvolvimento completo nos machos. Mas gatos adultos também podem ser castrados com segurança, desde que passem por uma avaliação veterinária.
O que preparar antes da cirurgia
Nos dias que antecedem o procedimento, é importante seguir as orientações do veterinário. Normalmente, o gato deve ficar em jejum de oito a doze horas, incluindo a água, para evitar complicações durante a anestesia.
É fundamental que o animal esteja vacinado, vermifugado e saudável. Se o veterinário achar necessário, pode solicitar exames de sangue para garantir que o organismo esteja pronto para a cirurgia.
Deixe a casa preparada para o retorno. Escolha um ambiente calmo, com pouca movimentação e um cantinho aconchegante onde ele possa descansar nos primeiros dias. Gatos precisam se sentir seguros após qualquer mudança, e o pós-operatório é um momento de vulnerabilidade.
Cuidados no pós-operatório
O pós-operatório é simples, mas requer atenção. As primeiras vinte e quatro horas costumam ser as mais delicadas, já que o gato ainda estará sonolento por causa da anestesia.
É importante impedir que ele lamba ou morda os pontos, pois isso pode causar infecção. Para isso, existem duas opções: o cone de proteção (também chamado de colar elizabetano) ou a roupinha cirúrgica. Aqui em casa, eu optei pelas roupinhas, porque achei que deixavam as gatinhas mais confortáveis. Existem modelos específicos para gatos, ajustáveis e feitos com tecido leve. É possível encontrá-las facilmente em pet shops, sites como Petz, Cobasi, Amazon e Shopee.
O cone, por outro lado, é indicado para gatos mais inquietos ou que insistem em tentar lamber o local da cirurgia. Pode parecer desconfortável, mas é temporário e muito eficaz.
A ferida cirúrgica deve ser mantida limpa e seca. O veterinário normalmente indica limpar o local com rifocina spray, um antisséptico que ajuda na cicatrização e evita infecções. O ideal é aplicar uma ou duas vezes por dia, de acordo com a recomendação profissional. Evite usar qualquer outro produto sem orientação, pois alguns podem irritar a pele.
Durante a recuperação, evite que o gato pule ou corra. Isso é difícil, eu sei, porque eles têm energia de sobra, mas é essencial para que os pontos não abram. Uma boa ideia é limitar o espaço por alguns dias, mantendo-o em um cômodo seguro até que o veterinário autorize a volta às atividades normais.
Alimentação e comportamento durante a recuperação
Nas primeiras horas após a cirurgia, o gato pode não querer comer. Isso é normal. O apetite geralmente volta no dia seguinte. Ofereça ração úmida ou sachês, que são mais leves e ajudam na hidratação.
Alguns gatos ficam mais quietos, outros mais carentes. A Tigresa, por exemplo, queria ficar o tempo todo perto de mim, deitada no colo. Já a Morena se isolou um pouco, como se precisasse de silêncio. Respeitar o comportamento de cada um é fundamental.
Em uma semana, a maioria dos gatos já está bem, e os pontos podem ser retirados (ou absorvidos, se forem internos). O mais bonito dessa fase é perceber como eles voltam à rotina aos poucos, e como o olhar muda: é como se sentissem que estão seguros.
Uma escolha que muda a vida
Castrar é um gesto de amor, daqueles que a gente faz pensando no futuro. É escolher cuidar de forma consciente, garantir saúde e evitar sofrimento.
Quando olho para a Tigresa e a Morena hoje, vejo o quanto foi importante ter passado por esse processo com calma e informação. O medo inicial virou aprendizado, e a experiência me mostrou que amor também é isso: tomar decisões difíceis, mas certas.
Com os cuidados certos, o pós-operatório passa rápido, e o que fica é a tranquilidade de saber que você fez o melhor. Castração é prevenção, é carinho em forma de cuidado, é o tipo de amor que protege.
